domingo, 25 de janeiro de 2015

Porque amamos o Inhotim





Uma força incompreensível para nós levou-nos ao Museu Inhotim, em Brumadinho, MG: se foi pelas noticias online dos escritores de viagem ou pelos relatos dos amigos mineiros que de lá voltaram maravilhados ou se foi pela oportunidade criada pelo ócio das férias e nosso pretenso gosto por  aventuras, nunca saberemos; mas o fato é que baixamos lá. E olha que, baixar em Inhotim, de Ribeirão Preto, não é das tarefas mais fáceis porque o trajeto de menor esforço passa por um voo de uma hora e meia chacoalhando em um avião pequeno direto pra Belo Horizonte (ou dois voos de 45 minutos, com escala em Viracopos, Campinas) e, dali para Brumadinho, por caminhos que cortam a congestionada capital mineira para alcançar a estrada estreita e movimentada que a liga a Brumadinho e, no fim, pela travessia desta cidadezinha, cujas ruas estreitas e mal sinalizadas chegam a ficar tão entupidas de carros quanto BH.
De qualquer maneira, chegar ao estacionamento do Inhotim já surpreende: amplo, sem sombras, acomoda seu carro alugado e as vans com velhinhos de bengalas e, aparentemente, os veículos de todos os outros que, como você, esperam encontrar a arte e os jardins tão divulgados.

Do estacionamento à bilheteria, caminha-se um bocado – mas nada que se compare ao que se caminha lá dentro, entre um pavilhão e outro. Legal. O caminho é muito bonito e agradável, sob as árvores, e os velhinhos de bengala foram acomodados num carrinho de golfe cuidadosamente dirigido por funcionários do parque.
A beleza do lugar é indiscutível e a preferência pelos trabalhos artísticos – e mesmo a compreensão da sua qualidade – também é indiscutível, dada a impossibilidade de consenso intrínseca a tal análise. Então não é isso que, em Inhotim, impressiona petistas, tucanos e os democratas.
Inhotim conquista porque não parece brasileiro: seus campos enormes não ostentam saquinhos de plástico ou outro tipo de lixo, seus banheiros, concorridos, estão sempre estranhamente limpos e, aqui e ali há bebedouros que oferecem água geladinha e grátis para os visitantes, os funcionários são bem treinados e educados e, diante disso tudo, os visitantes falam baixo dentro dos pavilhões, em respeito à arte difícil de aceitar que está diante de seus olhinhos confusos.
Inhotim vale a viagem porque é uma luneta para o brasil dos nossos sonhos: seguro, eficiente, limpo e amigável.
Inhotim é nossa Miami democrática porque é “pertim”, bão procê e pra mim.

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Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil