domingo, 9 de março de 2014

Armadilha contra pernilongo da dengue e um blábláblá necessário.




Em 2013 a Prefeitura de Ribeirão Preto falhou em divulgar periodicamente os casos de dengue ocorridos no município, o que me deixa desconfiada quanto `as reais intenções de nossos governantes em relação ao combate ao aedes aegypti, tanto naquele ano, quanto neste 2014. Sim, pois eu não consigo acreditar que, agora, a cidade esteja tomando medidas contra a proliferação do mosquito da dengue quando a prefeitura foi flagrada em esforços para esconder dos cidadãos as informações sobre a epidemia em curso no ano passado.

Se dependermos da prefeita e seus subordinados para evitarmos outra epidemia em 2014, estamos a pé. Mentira? O que tem feito os membros do Comitê Municipal de Acompanhamento e Assessoramento das Ações de Controle da Dengue para combater o maldito pernilongo? O site da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto lista as pessoas que fazem parte desse comite dos sonhos:

INSTITUIÇÕES*
NOMES*
Universidade de São Paulo - USP
Titular: Dr. Helder Tambellini
Suplente
: Nilson Antônio Montanha
Centro Universitário Barão de Mauá
Titular: Tânia Aparecida Cancian
Suplente: Raquel Gabrielle Biffi
Serviço Social da Indústria
Titular: Ricardo Ferraz Garcia
Suplente: Ivete de Aquino Rodrigues
Secretaria Municipal da Saúde
Dr. José Sebastião dos Santos
Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde
Dr. Clésio Sousa Soares
Divisão de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos da Secretaria Municipal da Saúde
Maria Luiza da Silveira Santa Maria
Dr. Cláudio Souza de Paula
Maria Teresa Chiavenato
Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde
Dra. Ana Alice Martins Corrêa de Castro e Silva
Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde
Dr. Carlos Alberto D'ávilla de Oliveira
Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo
Titular: Irma Teresinha R. N. Ferreira
Suplente: Maurício Vladimir Botti
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP - Depto de Medicina Social
Dr. Amaury Lelis Dal Fabbro
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo
Titular: Daniela Saldanha e Silva
Suplente: Luís Henrique Rosa
Divisão de Controle de Zoonozes da Secretaria Municipal da Saúde
Titular: Dra. Flávia Marchizeli Canello
Suplente: Marcos Antônio Romanato
Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Preto
Titular: Eloísa Fonseca Del Tedesco
Suplente: Suely Maia Gerace
Unidades Básicas de Saúdes
Titular: Maria de Lourdes Vilela de Faria
Suplente: Maria Lialba Delloiaga
Polícia Militar do Estado de São Paulo
Titular: Marilizi Scomparim Guedes Furtado
Suplente: Wilson Alexandre Santos
Associação Comercial e Industrial
Titular: Ricardo Trinca
Suplente: Dr. Sebastião de Aguiar Azevedo Junior
UNAERP
Titular: Dr. Carlos Sérgio Tavares
Suplente: Dra. Cristiane Fernandes de Freitas Tavares
UNIP
Titular: Luci Rodrigues da Silva
Suplente
: Adriana Mafra Brienza
Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Paulo
Titular: Antônio Carlos Tórtoro
Suplente: Luiz Fernando C. Waisel
Secretaria Municipal da Educação
Titular: Laila G. de Paula Ribeiro
Suplente: Maria Tereza F. de Araújo
Secretaria Municipal de infra-estrutura
Titular: Fábio A. Faccini
Suplente: Aparecida Regina Soares Medeiros
Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto
Titular: José Luiz dos Reis
Suplente: Gaspar Marcelino Lemos
Secretaria Municipal da Cidadania e Desenvolvimento Social
Titular: Selma Farjani Capel
Suplente: Maria Lúcia Lima Jordão
Federação das Associações de Bairros de Ribeirão Preto
Titular: Eurípedes Ignácio dos Reis
Suplente: Lázaro Reis dos Santos
Administração Regional dos Campos Elíseos
Titular: Mônica Aparecida Moreno
Suplente: Gilberto Garcia Cardoso
Administração Regional da Vila Tibério
Titular:
Suplente:
Administração Regional de Bonfim Paulista
Titular: Maria Lúcia Leipner
Suplente:
Diretoria de Ensino - Região de Ribeirão Preto
Titular: Marilice Cadetti Garbeleni
Suplente: Maria Ângela Garáfalo
 
Conselho Municipal de Saúde
Titular: Marcos Antônio Bardella
Suplente: Irma Teresinha R. N. Ferreira
Direção Regional de Saúde (DIR XVIII)
Titular: Luiz Benjamin Trivellato
Suplente: Josely P. M. Pintyá
Defesa Civil de Ribeirão Preto
Titular: Sarg. Jurandi Ferreira Rosa
Suplente: Isabel Cristina Rossi
Sindicato dos Empregados de Condomínios e Edifícios de Ribeirão Preto
Titular: João Gustavo de Carvalho
Suplente: Devanir de Souza
Loja Maçônica Estrela D'Oeste
Titular: Rubens de Azevedo Pires
Suplente: Roberto Trinca
Câmara Municipal de Ribeirão Preto
Titular: Denise Aparecida Prado Ramos Ventura
Associação das Administradoras de Imóveis e Condomínios de Ribeirão Preto
Titular: Valmir Ricci Ruiz
Suplente: Antônio Carlos Maçonetto

* Esta composição do comitê estava na página da Secretaria Municipal da Saúde em 09/03/14, no link < http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/ssaude/comissao/comite/comitedengue/i16comitedengue.php >

Porque estou citando a lista de iluminados, acima? Porque o tal comitê anti-dengue de Ribeirao Preto foi constituído pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, sob coordenação técnica da Secretaria Municipal da Saúde (conforme Portaria Municipal Nº de 1508 de 05/08/2003) e seu Regimento Interno é que fala que ele deveria acompanhar e assessorar a vigilância epidemiológica da Dengue no sentido de reduzir número de casos e a ocorrência de epidemias (Texto integral no link < http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/ssaude/comissao/comite/comitedengue/i16regimento.php>).  Para agir adequadamente, esse comitê ribeirão-pretano anti-dengue precisa conhecer a situação epidemiológica e entomológica do município: isto, de tão obvio, está no tal regimento interno. Daí que a prefeitura tropeça no próprio pé ao esconder o número dos casos de dengue, deixando os cidadãos para quem trabalha à mercê de seu próprio azar.

 Normalmente, eu diria que quem quer bem feito deve fazer por si mesmo, mas, no controle do aedes aegypti não adianta muito agirmos sozinhos e, se a prefeitura continuar agindo contra os interesses da cidade, em vez de coordenar o combate ao mosquito, corremos o risco de sermos, cada um que cuida de seu quintal, um Dom Quixote de La Mancha, insistindo ridiculamente neste assunto, em vão. Mas, como me parece melhor morrer lutando, vai abaixo uma armadilha infalível* para matar o pernilongo da dengue (ao menos as larvas dos mesmos):



ARMADILHA CONTRA O PERNILONGO DA DENGUE

INGREDIENTES

- Potes e recipientes que acumulam agua, como a vasilha de agua do cachorro

- ralos da sua casa

- agua sanitária ou desinfetante

- 10 minutos do seu tempo, uma vez por semana


COMO FAZER

- retire a agua acumudada nos recipientes (se for a do seu bicho de estimação, pode trocar todo dia, coitado, passando uma bucha na vasilha pra tirar algum lodo e alguma larva de mosquito);

- jogue um pouco de agua sanitária ou desinfetante em cada um dos ralos
 

Se você não tem nenhuma bromélia démodé, acabou por aqui sua armadilha para a dengue, caso contrário, ainda lhe sobra uma coisinha a fazer: retire a agua acumulada das folhas e jogue agua sanitária (na proporção de uma colher de sopa de agua sanitária pra um litro d`agua).


Pronto, vai curtir seu fim de semana.

* Fonte <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/10minutos.html>


PS: Ao navegar no site da Prefeitura de Ribeirão Preto - sim, sou bem nerd, se é que ainda se usa esta palavra -  encontrei um PLANO MUNICIPAL DE AÇÕES PARA O CONTROLE DA DENGUE (no link Plano de Contingência Dengue, <http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/ssaude/vigilancia/vigep/dengue/i16dengue.php>), elaborado pela Secretaria Municipal da Saúde para:

                             • Evitar a ocorrência de óbitos por Dengue
                             • Diminuir o número de casos de hospitalização por Dengue

Tudo bem que o plano deveria funcionar para o 2013 e 2014 e, sabemos, 2013 foi mais um ano de epidemia de dengue em Ribeirão Preto e 2014 só não tem a mesma quantidade de contaminados porque a seca nos salvou a todos da proliferação do aedes maldito. Mas, confesso, a qualidade do documento me impressionou e, de certa maneira, me deu a tranquilidade de que, pelo menos em tese, a prefeitura sabe o que fazer e porque.

Ali, a Prefeitura fala que instalará Centros Distritais de Hidratação (página 19) numas tendas cobertas de lona branca quando ativado o nivel 3 de ativação do plano (páginas 11 e 13), ou seja, quando "a ameaça é significativa", com incidência maior ou igual a 20% daquela estabelecida para o porte populacional do município (parece-me que vivemos neste nivel 3 cotidianamente). Veja onde devem ser instalados os LONA BRANCA:

"Centros Distritais de Hidratação: 
Quando ativado o NIVEL 3, funcionarão 24 horas por dia, instalados nas 
adjacências das UBDS em local definido pela equipe técnica em concordância 
com o gerente: 
 UPA – Unidade de Pronto Atendimento/ Dr. Luis Atilio Losi Viana, 
 UBDS Quintino II- Distrito Norte/ Dr. Sérgio Arouca, 
 UBDS Sumarezinho CSE/ Dr. Joel Domingos Machado, 
 UBDS Vila Virgínia/Dr. Marco Antônio Sahão. 
 UBDS Central/Dr. João Baptista Quartim"

Cada lona branca, "terá a implantação da contagem global de células 
(dosagens de Leucócitos, Hemácias, Hemoglobina, Hematócrito e plaquetas) “in loco”. 
Os exames serão colhidos, realizados e liberados enquanto o paciente estiver em 
atendimento." e, ainda:

1 Médico 
1 Enfermeiro 
3 Auxiliares/Técnicos de Enfermagem 
1 Agente Administrativo 
1 Biomédico 
1 serviço de portaria 
1 serviço de limpeza. 

Está lá, nas paginas 20 e 21 do Plano, não fui eu que inventei. E, na página 24, tem um fluxo do atendimento e uma frase em negrito e maúscula gritando: "NENHUM PACIENTE SERÁ 
DISPENSADO NA RECEPÇÃO DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE." (isto é repetido na página seguinte, a 25). 

Bom, o resto do trabalho também é interessante - hello, nerds! - pois lista os leitos hospitalares disponíveis na cidade em 2013 (páginas 31 e 32), a série histórica de exames para dengue de 2009 a 3013 (pg. 35) etc e tal.

Eu achei lindo! Ver isso em funcionamento seria como testemunhar uma revolução silenciosa na saúde pública, o que equilibraria nossa incompetência em evitar os criadouros do mosquito da dengue. Ficaríamos no zero: incompetentes para evitar a doença, mas competentes para hidratar os doentes.





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Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil