Barranco - Lima
Outro 'Dia Internacional das Mulheres'.
Recebam suas rosas, garotas, e distribuam beijinhos - para aquele seu colega que passa o resto do ano fazendo piadinhas machistas e grosseiras - e sorriam para o outro que ganha mais que você, embora o seu esforço e comprometimento supere - de longe - o dele. Tudo bem, você não se importa com isso mesmo, pois só o que deseja é chegar em casa mais cedo para cuidar das crianças, porque hoje é dia do maridão jogar futebol com os amigos (e ele nem ajudaria com os filhos mesmo, porque nunca trocou nem uma fralda quando eram bebês, imagina agora, que os pimpolhos já estão maiores).
Feliz dia das mulheres porque você é uma felizarda, afinal: não foi circuncidada e nunca sofreu qualquer tipo de abuso físico. Com o 'pequeno' machismo cotidiano, das piadinhas grotescas e olhadelas abusivas, você já aprendeu a lidar e quase nem o percebe mais. Tudo bem, botemos nossas rosas num vaso com água e esperemos chegar o amanhã.
No meio tempo, eu me pergunto como é que será a vida das mulheres daqui a alguns anos, quando a minha filhinha já estiver recebendo o botão de rosa deste dia das mulheres? Será que ela terá escolhido livremente sua profissão, sem se dar conta de que esse trabalho por ela eleito já foi um dia considerado "trabalho de homem"? Será ela tratada de igual para igual com seu colega de trabalho que possui a mesma qualificação que ela? E, no seu lar, seu amado dividirá com ela as tarefas domésticas, arrumando a cama, lavando pratos e - até - limpando o chão e o banheiro? E o cuidado com os filhos também será dividido, com ambos trocando fraldas, fazendo mamadeiras etc? Todas com o mínimo de sensatez torcem para que o futuro de todas as nossas filhas seja assim, mas como nós, mulheres sensatas de 2014 criamos nossos filhos?
Será que incentivamos os meninos a ajudarem nas tarefas de casa, arrumando a própria cama ou lavando sua louça? Será que os deixamos brincar com amiguinhas e os ensinamos a respeitarem as meninas? Ou ainda dizemos para os coitados: cuidem de suas irmãs?
E nossas filhas, são estimuladas a amarem a matemática e a pensarem em si mesmas como profissionais super competentes quando adultas? Elas são orientadas para serem independentes e cuidarem de si mesmas, sem dependerem de um homem (pai, irmão, avô, namorado, marido) que as vigie e sustente?
O mundo, a gente muda em casa, já falaram.
Será que incentivamos os meninos a ajudarem nas tarefas de casa, arrumando a própria cama ou lavando sua louça? Será que os deixamos brincar com amiguinhas e os ensinamos a respeitarem as meninas? Ou ainda dizemos para os coitados: cuidem de suas irmãs?
E nossas filhas, são estimuladas a amarem a matemática e a pensarem em si mesmas como profissionais super competentes quando adultas? Elas são orientadas para serem independentes e cuidarem de si mesmas, sem dependerem de um homem (pai, irmão, avô, namorado, marido) que as vigie e sustente?
O mundo, a gente muda em casa, já falaram.
Parece que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a igualdade de gêneros realmente se torne a regra geral. Enquanto um futuro assim não vem, eu já disse, esqueçam-me neste dia 08 de março, que, por sorte, caiu num fim de semana.
Pra mim, a única data importante deste março é o dia 10, que é o aniversário de Ituverava, a cidade de onde vim.
Pra mim, a única data importante deste março é o dia 10, que é o aniversário de Ituverava, a cidade de onde vim.
Então eu digo: bão procê!
P.s. Enquanto o mundo é isto aqui, dê uma olhada no TED.COM, na palestra em que Colin Sokes analisa a falta, nos filmes, de figuras femininas em que os garotos possam se espelhar (em "How Movies Teach Manhood"; no site http://www.ted.com/talks/colin_stokes_how_movies_teach_manhood.html).